A Polícia Civil da Paraíba divulgou, nesta terça-feira (1º), imagens da perícia realizada no ônibus escolar envolvido no acidente que matou dois estudantes e deixou 31 pessoas feridas na rodovia PB-077, nas proximidades do município de Pilões, no Brejo paraibano. O laudo técnico revelou uma série de falhas graves no veículo, consideradas determinantes para o tombamento, segundo as autoridades responsáveis pela investigação.
As imagens revelam que o ônibus não possuía cintos de segurança nas poltronas, apresentava problemas no sistema de freios, fissuras nas mangueiras de ar comprimido e ausência do disco do tacógrafo, que impede o controle de velocidade e monitoramento da condução. De acordo com o delegado Walter Brandão, que coordena o inquérito, a soma dessas irregularidades evidenciou um quadro de negligência por parte dos responsáveis pela contratação e operação do transporte escolar.
Com base nas conclusões periciais, a Polícia Civil indiciou três pessoas por duplo homicídio culposo qualificado e lesão corporal culposa no trânsito: o secretário de Educação de Pilões, Fabiano Cassimiro dos Santos; o diretor de transportes do município, Francisco José Fernandes de Souza; e o empresário Adriano Pinheiro da Silva, proprietário da empresa responsável pelo ônibus envolvido na tragédia. A investigação aponta que houve falha grave na fiscalização e no zelo pela segurança dos estudantes transportados diariamente.
O acidente aconteceu no dia 1º de abril, em uma curva acentuada na Ladeira do Espinho, entre Pilões e Cuitegi. O ônibus levava alunos de Pilões para a cidade de Guarabira quando tombou, provocando a morte de Gustavo Batista Belo da Silva, de 13 anos, e Fátima Antonella Guedes de Albuquerque, de 15 anos. Outras 31 pessoas ficaram feridas, incluindo uma adolescente que teve a mão amputada. Desde os primeiros momentos após a tragédia, havia suspeitas de falha nos freios, reforçadas pelo Corpo de Bombeiros, que identificou a ausência de marcas de frenagem no local do tombamento.
Segundo o perito Miguel Sales, o ônibus perdeu o controle em uma curva, arrastou-se pela pista e só foi contido após colidir com uma mureta, o que evitou uma queda em uma ribanceira. As imagens periciais reforçam a tese de que o veículo não tinha condições mínimas de segurança para circular, o que, segundo a Polícia Civil, configura negligência dos responsáveis públicos e privados envolvidos no transporte.
A Prefeitura de Pilões informou, por meio de sua assessoria jurídica, que ainda não foi notificada oficialmente sobre os indiciamentos e que irá se pronunciar assim que isso ocorrer. A reportagem tentou contato com a defesa do diretor de transportes e com o empresário dono do ônibus, mas não obteve retorno até a última atualização desta matéria.
A tragédia mobilizou autoridades e levantou questionamentos sobre a fiscalização do transporte escolar na Paraíba. O inquérito agora segue para o Ministério Público, que poderá oferecer denúncia formal contra os indiciados nos próximos dias.
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